NOVO DIA DAS REUNIÕES

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Admirável trabalho novo? Os impactos econômicos e sociais das mudanças no mundo do trabalho e a posição de especialistas e profissionais diante dessas transformações (retirado da Revista Sociologia)

http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/edicoes/27/artigo162994-1.asp?o=r


Admirável trabalho novo?
Os impactos econômicos e sociais das mudanças no mundo do trabalho e a posição de especialistas e profissionais diante dessas transformações
por Priscila Gorzoni*



Ao longo dos últimos anos vem se observando, em diversas partes do mundo, uma modificação nas formas e estruturas de trabalho. Se por um lado percebemos a alta taxa de desemprego, a falta de estabilidade nas empresas, a tercerização e a ausência de registros profissionais, de outro ouvimos de consultores promessas de mais flexibilidade nos horários de trabalho, maior autonomia na produção, mais capacitação e interação do profissional. Devemos boa parte dessas modificações às mudanças dos paradigmas do trabalho, às inovações tecnológicas e à globalização, que rompeu com as barreiras da distância. Quais são os impactos positivos e os negativos dessas modificações?
Assim como a sociedade industrial do início do século XX se viu centrada nas relações trabalhador e indústria, vivemos hoje uma nova dinâmica social moldada não só pela era digital, na qual outras interações se criam e transformam a forma de vermos o mundo, mas pela rapidez e instabilidade derivada dela. Entretanto, essas mesmas armas que em certo aspecto facilitam, em outros tantos dificultam, exigindo ainda mais dos profissionais, que agora não se sustentam ao dominar apenas o conhecimento de sua função. Além disso, existe um outro fator de angústia: ter de lidar com a falta de vínculos, o desemprego e a efemeridade dos contratos trabalhistas.
As modificações nas relações de trabalho não afetam apenas o setor profissional, mas a dinâmica social. "O mundo vive transformações radicais, a produção do conhecimento e as conquistas tecnológicas assumem uma velocidade muito intensa. Estas modificações influenciam o mercado de trabalho exigindo um profissional que se atualize constantemente e que se aproprie da tecnologia a serviço de seu foco profissional", exemplifica o psicólogo Alexandre Rivero.
Entretanto, como afirma o sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennett, professor de Sociologia e História na London School of Economics e autor de um livro clássico sobre o mundo do trabalho, "A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo" (Editora Record), os últimos anos não foram os melhores para os trabalhadores. Um dos fatores é o aumento do volume de atividades sem a elevação compatível de salário e benefícios. O sociólogo também vê com preocupação uma das principais mudanças na organização do trabalho, que é a perda da identidade. Sennett aponta ainda para questões como a falta de vínculo com o local de trabalho, a diminuição, ou melhor, a perda dos laços de solidariedade dentro da empresa, a degradação e humilhação na seleção de profissionais. Para completar, o alto escalão de uma empresa e os níveis gerenciais mostram-se pouco comprometidos com essas "consequências pessoais do novo capitalismo" (não por acaso o subtítulo da obra de Sennett), ou mascaram isso com ações recreativas supostamente voltadas para uma maior "qualidade de vida" dos seus "colaboradores".
"O MUNDO VIVE TRANSFORMAÇÕES RADICAIS, A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO E AS CONQUISTAS TECNOLÓGICAS ASSUMEM UMA VELOCIDADE MUITO INTENSA" ALEXANDRE RIVERO, PSICÓLOGO
A análise de Sennett vai longe e aprofunda-se na dinâmica social. Em "A corrosão do caráter", ele afirma que o capitalismo vive na atualidade um novo momento, de natureza flexível. Sennett inicia o prefácio do livro lembrando que "A expressão 'capitalismo flexível' descreve hoje um sistema que é mais que uma variação do mesmo tema. Enfatiza-se a flexibilidade. Atacam-se as formas rígidas da burocracia, e também os males da rotina cega. Pede-se que os trabalhadores sejam ágeis, estejam abertos a mudanças de curto prazo, assumam riscos continuamente, dependam cada vez menos de leis e procedimentos formais".
Portanto, de acordo com o autor, essa "nova ordem" capitalista afeta a tal ponto os indivíduos, que não lhes oferece condições para uma construção linear de vida baseada em suas experiências. Ao contrário do trabalhador no modelo fordista do passado que, embora imerso na burocracia, rotina e alienação, possuía uma trajetória constante e expectativas de longo prazo. Atualmente, isso já não é tão possível devido a uma dinâmica de incertezas, mudanças de emprego e de cidade e o sucessivo rompimento de laços. As relações centrais, outrora vistas e sentidas na coletividade, passam a ser individulizadas, extrapolam o mundo do trabalho e se estendem a toda forma de sociabilidade. Em um mundo fragmentado, de relações efêmeras, cortadas, instáveis, sem continuidade, tampouco margem de segurança, tudo, inclusive o trabalho, perde a referência e a compreensão.
Não são apenas as formas de trabalho que se tornaram flexíveis, mas as de poder. Em um sociedade em que nada é contínuo, é preciso reinventar a estrutura das instituições. No entanto, embora na superfície pareça que a equipe possui autonomia, ainda é o capitalista quem dá as cartas. A única novidade nesse processo é a maneira e o lugar onde, em muitas áreas e profissões, ocorre tal expediente. Troca-se a empresa pela casa e o controle face a face pelo meio eletrônico.
Essa estrutura de trabalho não só enfatiza a já comentada ausência de vínculos estáveis entre empregado e empresa, como gera uma desordem social e na identidade do trabalhador. Dentro desse sistema passa-se também a valorizar o jovem (embora, paradoxalmente, exiga-se dele experiência), pois eles seriam mais flexíveis e adaptáveis a várias circunstâncias.
Para finalizar as colocações aterradoras de Sennett, as relações impessoais de trabalho irão afetar diretamente as sociais e vice-versa. Estabelecendo relações superficiais, descartáveis, cujos laços de lealdade e compromissos são tão frouxos quanto a efemeridade do curto prazo de trabalho. "Em um regime que não oferece aos seres humanos motivos para ligarem uns para os outros não pode preservar sua legitimidade por muito tempo", ressalta o autor.
"A EXPRESSÃO 'CAPITALISMO FLEXÍVEL' DESCREVE HOJE UM SISTEMA QUE É MAIS QUE UMA VARIAÇÃO DO MESMO TEMA. ENFATIZA-SE A FLEXIBILIDADE. ATACAM-SE AS FORMAS RÍGIDAS DA BUROCRACIA, E TAMBÉM OS MALES DA ROTINA CEGA. PEDE-SE QUE OS TRABALHADORES SEJAM ÁGEIS, ESTEJAM ABERTOS A MUDANÇAS DE CURTO PRAZO, ASSUMAM RISCOS CONTINUAMENTE, DEPENDAM CADA VEZ MENOS DE LEIS E PROCEDIMENTOS FORMAIS" RICHARD SENNETT, SOCIÓLOGO E AUTOR DE "A CORROSÃO DO CARÁTER : CONSEQÜÊNCIAS PESSOAIS DO TRABALHO NO NOVO CAPITALISMO ".
De onde vem? segundo Deonísio da silva, autor de "De onde vem as palavras", da editora Novo século, a palavra "trabalho" nasceu do latim tripalium, tripálio, que é o nome de um instrumento de tortura composto de três estacas, ao qual era submetido o condenado, isso quando não empalado em uma delas e ali deixado para morrer. Entretanto, segundo o autor, a ideia do trabalho como sofrimento não estava presente na etimologia latina, pois o verbo trabalhar era laborare e trabalho, labor. No italiano predominou as palavras lavorare e lavoro.
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Ensino em dia, pesquisa madura (retirado ciência hoje)

http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2011/08/ensino-em-dia-pesquisa-madura


Estudo conduzido nos Estados Unidos mostra que estudante que também ensina desenvolve boas habilidades para gerar hipóteses e realizar experimentos. Pesquisadores/professores no Brasil também valorizam a dupla atuação.
Por: Helena Aragão
Publicado em 31/08/2011 | Atualizado em 31/08/2011
Ensino em dia, pesquisa madura
Melhor desenvoltura na escrita e na defesa de teses e capacidade de rever conceitos são algumas das qualidades mais comuns em professores-pesquisadores do que nos que só se dedicam à pesquisa. (foto: Jade Gordon/ sxc.hu)
Alvo de discussão recorrente entre acadêmicos e estudantes, a dobradinha ensino/pesquisa foi o foco de artigo publicado recentemente na revista Science (19/8). Os autores do estudo, dos departamentos de educação de diversas universidades dos Estados Unidos, analisaram propostas de pesquisa de 95 alunos recém-integrados a cursos de pós-graduação em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (campo de conhecimento agregado na sigla STEM, em inglês), em três estados daquele país. 
Alguns deles se dedicavam apenas à pesquisa. Outros se dividiam entre ela e as atividades em sala de aula – tanto em cursos de graduação quanto de ensino médio. A partir de diversos critérios e análises estatísticas, os autores avaliaram a qualidade dos projetos em dois momentos do ano letivo. A conclusão foi: “Estudantes que ensinavam e conduziam pesquisas demonstraram significativo amadurecimento em suas habilidades para gerar hipóteses e realizar experimentos”. 
Estudo comprovou o que defensores da sala de aula já defendem há tempos: lecionar ajuda a desenvolver qualidades de pesquisa
O resultado não surpreende aqueles que batem na tecla da importância do ensino para a carreira acadêmica. “Há anos formando gente, observo que quem tem prática de sala de aula tem menos dificuldade na hora da redação e da defesa da tese, por exemplo”, diz o nosso colunista Carlos Alberto dos Santos, físico e professor visitante da Universidade Federal da Integração Latino Americana. 
“Mas essas constatações são sempre num universo muito pequeno”, pondera. Esse artigo é importante por fazer uma avaliação sistêmica; é interessante sair numa revista como a Science, porque mostra que a discussão está no mundo todo.”
Santos cita ainda a necessidade de se mobilizar recursos financeiros para essa área na universidade. Conforme apontado por outro estudo publicado na Science no começo do ano (que rendeu bastante discussão em matéria na CH On-line), a publicação de trabalhos em revistas científicas e a participação em congressos são itens mais valorizados no Currículo Lattes do que o ensino universitário, a divulgação científica e a orientação de alunos.

‘Buracos’ conceituais

Outro veterano defensor do ensino, o professor Leopoldo de Meis, do Instituto de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ficou entusiasmado com os resultados do estudo. Mas lamenta que, na realidade brasileira, o magistério é muitas vezes desvalorizado pelos estudantes: “Os alunos-professores que têm dificuldade de se expressar se intimidam com a sala de aula. Assim, passam a achar que o ensino atrapalha, ao invés de ajudar a pesquisa”.
Pesquisador em laboratório
Sistema acadêmico brasileiro não favorece em nada o acúmulo de atividades de pesquisa e ensino. Uma boa saída é o oferecimento de bolsas para os alunos dispostos a lecionar. (foto: Jean Scheijen/ sxc.hu)
A experiência de Vivian Rumjanek, do mesmo departamento, vai de encontro à dos críticos à rotina dupla. “Muitas vezes atingimos um grau de ‘especialização’ em que nem ao menos nos damos conta de certos ‘buracos’ conceituais que ficam pelo caminho. Ao ensinar, temos que voltar e repensar.”

Cobrança não é a solução

Keila Grinberg, colunista da CH On-line e coordenadora da pós-graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, acha que em sua área o trabalho do professor é mais valorizado do que nas ciências exatas. Mas observa que a incidência de pesquisas que tratam de metodologia de ensino é maior, por exemplo, na matemática. 
Ensino ajuda na formação de uma rede de contatos e na busca de futuros empregos
“Há algumas ações conjuntas da Capes e do CNPq para ampliar a possibilidade de estudantes acumularem bolsa de pós-graduação com sua atividade como professores, mas em geral o sistema não favorece em nada o acúmulo de atividades”, diz a historiadora, para quem o ensino ajuda na formação de uma rede de contatos e até na busca de futuros empregos. 
Apesar de ser entusiasta da sala de aula, Grinberg não acha que a cobrança é a melhor saída. “Dar aula exige mesmo muito investimento. O ideal é estimular adesões espontâneas, de preferência com oferecimento de bolsa específica para essa atividade.”

Helena AragãoCiência Hoje On-line

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Professores universitários sem mestrado e doutorado? É a proposta do PLS 220/2010 (notícia ANPG)


08/08/2011
Professores universitários sem mestrado e doutorado? É a proposta do PLS 220/2010

Está em tramitação no Senado o Projeto de Lei 220/2010 que modifica o artigo 66 da Lei 9.394/1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que exige que professores universitários tenham diploma de pós-graduação –especialização, mestrado ou doutorado. De acordo com o projeto de lei, os docentes de instituições públicas e privadas poderiam lecionar apenas com o diploma de graduação, desde que contratados em regime temporário.
O projeto é considerado um retrocesso pelas autoridades e especialistas do setor educacional. Para assegurar um mínimo de qualidade ao ensino superior, a LDB recomenda que pelo menos um terço dos professores das instituições de ensino superior tenha título de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Essa determinação é acatada pelas universidades públicas e por várias universidades confessionais, mas desprezada por muitas universidades privadas - principalmente as que foram criadas nos últimos anos.
Alegando que não há mestres e doutores em número suficiente para lecionar nessas universidades, o relator do projeto, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), deu-lhe parecer favorável. O argumento usado é o mesmo dos dirigentes de várias escolas particulares. Segundo eles, haveria déficit de docentes titulados em várias áreas. "Um profissional com experiência tem muito a ensinar, mesmo que não tenha pós-graduação. Por outro lado, há aqueles que terminam a graduação e emendam com o mestrado. Que experiência têm eles para passar?", diz Ana Maria Souza, da Anhanguera Educacional.
Os especialistas, contudo, afirmam que os portadores de título de mestrado e doutorado têm sólido preparo teórico e conhecimento de técnica de pesquisa e metodologia científica - competências que os portadores de diploma de graduação não têm. Eles também alegam que o País tem 4,7 mil cursos de pós-graduação stricto sensu reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) e fiscalizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes). Anualmente o Brasil forma 50 mil novos mestres e doutores. Hoje, 56% dos professores universitários são pós-graduados e a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é que esse número chegue a 75%.

Opiniões
A Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc) divulgou uma nota oficial em que se posiciona de forma contrária ao projeto de lei.
A ANPG propôs e aprovou uma moção na Assembleia Geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação dos Pós-Graduandos em Engenharia Elétrica da Unicamp (APOGEEU) também se manifestou com umamoção sobre o assunto.
“Os investimentos em formação de mestres e doutores precisam ser ampliados no Brasil, é fato.  A preparação que o mestrado e o doutorado oferecem aos futuros docentes é essencial para a garantia da qualidade da graduação, e disso não podemos abrir mão", opina a presidenta da ANPG, Elisangela Lizardo.

Negócio
Para os dirigentes de universidades públicas, se as universidades privadas enfrentam problemas para contratar docentes com mestrado e doutorado, o motivo não estaria na falta de pós-graduados em número suficiente, mas nos baixos salários. "O gargalo está nas más condições de empregabilidade que as instituições particulares oferecem", diz o professor Roberto Piqueira, da Escola Politécnica da USP.
Além de desprezar as atividades de pesquisa e extensão, que são fortemente enfatizadas pela LDB, os grupos nacionais e internacionais que são donos de instituições de ensino - muitos dos quais com ações cotadas em bolsas de valores - demitiram os docentes mais experientes e contrataram bacharéis recém-formados, com o objetivo de reduzir custos.

Possível veto
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou ser contrário à mudança. Segundo Haddad, a presidenta da República, Dilma Rousseff, também não concordaria em reduzir a exigência de qualificação de professores da educação superior. A proposta foi apresentada em agosto do ano passado, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Foi aprovada na comissão e está desde o início de julho na Ordem do Dia da casa, à disposição para ser apreciado pelo Plenário.
Se aprovado no Senado, o projeto deve ainda passar pela Câmara dos Deputados, antes de chegar às mãos da presidenta, que poderá sancioná-lo ou vetá-lo.   
Haddad observou que o Governo Federal vem investindo, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na formação de pessoal com pós-graduação. A presidenta Dilma anunciou 100 mil bolsas de estudos para cursos no exterior, até 2014, no âmbito do programa Ciência Sem Fronteiras. 

Da Redação com informações do Estado de São Paulo e Ministério da Educação.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PNPG 2011-2020 - Se preparando para o CONAP...

http://www.abc.org.br/article.php3?id_article=1158


O presidente da Capes e Acadêmico Jorge Guimarãesesteve na Reunião Magna 2011 da ABC para apresentar dados da instituição e falar sobre o Plano Nacional de Pós-graduação 2011-2020 (PNPG 2011-2020). A iniciativa faz parte do Plano Nacional de Educação, apresentado, no mesmo evento, pelo ministro de Educação, Fernando Haddad.
De acordo com Guimarães, o último plano, que englobou o período de 2005 a 2010, cumpriu quase todas as metas, inclusive a absorção de recursos humanos planejados por período. "A única meta não cumprida foi o aumento do pessoal na área de Engenharia". Agora, será a primeira vez que o plano vai cobrir um período tão longo.
Temas tratados
Segundo Jorge Guimarães, o PNPG 2011-2020 contém 14 capítulos que tratam dos planos anteriores, da situação atual da pós-graduação no Brasil, das perspectivas de crescimento da mesma, do seu sistema de avaliação, da sua distribuição no território nacional, da internacionalização e cooperação internacional, do financiamento e da importância da interdisciplinaridade da pós-graduação. "Outros importantes eixos do plano são a expansão do Sistema Nacional de Pós-graduação (SNPG), além do apoio a outros níveis de ensino", destacou.
Guimarães enfatizou que os programas de pós-graduação não estão bem distribuídos pelo Brasil. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o índice é baixíssimo, no Nordeste é incipiente e mesmo no Sudeste e no Sul, áreas de maior concentração de cursos, existem locais que não apresentam nenhum programa. No que diz respeito ao financiamento da pós-graduação, é previsto um aumento do percentual do PIB investido pelo governo e do investimento privado em CT&I , a integração entre órgãos do governo para compor uma agenda estratégica nacional, a eliminação dos entraves burocráticos e outras medidas.
Dados gerais, desafios e metas
De acordo com o Acadêmico, os investimentos da Capes sextuplicaram entre 2003 e 2011. As aplicações na cooperação internacional - que entre 2005 e 2007 era inexistente - cresceram mais de duas vezes desde 2008. Os investimentos em bolsas no exterior, que sofreram uma pequena redução entre 2008 e 2010, voltaram a subir em 2011.
Guimarães comentou, no entanto, que o anúncio da presidente Dilma Rousseff, sobre conceder 75 mil bolsas no exterior até 2014, não estavam nos planos da Capes. "O presidente norte-americano, Barack Obama, a provocou, alegando que os EUA acolhem 80 mil chineses, então o Brasil deveria receber 100 mil", contou. "A presidente tomou isso como um desafio e agora a Capes e o CNPq estão trabalhando em temas e ações específicas". O Acadêmico afirmou que já mandou duplicar o número de "bolsas-sanduíche" na Capes, área considerada prioritária.
Jorge Guimarães ressaltou, também, que 59% dos alunos de pós-graduação brasileiros são bolsistas da Capes, 24% são discentes com bolsa do CNPq, 11% tem bolsa das Funcações de Amparo à pesquisa (FAPs) dos estados e os 6% restantes são bolsistas de outras fontes. "O orçamento da Capes projetado para as bolsas de pós-graduação no país para o ano de 2013, é de 1,5 bilhão de reais. Em 2020, pretende-se chegar ao valor de 3,6 bilhões de reais."
Em relação aos desafios e metas, o Acadêmico mencionou o fato de o Brasil ter, atualmente, 1,4 doutores a cada mil habitante, enquanto que, na Suíça, esse índice é de 23, na Alemanha, 15,4 e, nos Estados Unidos, 8,4. "Assim, só vamos alcançar a Suíça em 2040", alertou. Guimarães comentou a declaração do reitor da USP, João Grandino Rosas, de que a universidade paulista forma mais doutores do que Harvard: "É verdade, mas ainda estamos longe de ter um número de doutores proporcional à população ativa, ao PIB e às nossas riquezas naturais".
O presidente da Capes acrescentou que, entre as metas do Plano Nacional de Educação, estão a titulação de 19 mil doutores, 57 mil mestres e 6 mil mestres profissionais por ano a partir de 2020. "A proposta é aumentar o número de doutores por mil habitantes de 1,4 para 2,8 em 2020, ter titulado 150 mil doutores e 450 mil mestres no período, além de posicionar o Brasil entre os dez países maiores produtores de conhecimentos novos", informou, otimista.
Produção científica e educação básica
O palestrante apresentou dados relativos à produção científica do Brasil, correspondente a 2,7% da mundial. O país ocupa a 13a posição no ranking, que tem os Estados Unidos em primeiro lugar, com 28,6%. No entanto, a taxa de crescimento da produção científica brasileira entre 1981 e 2008 foi mais alta do que a média mundial. "A produção científica é a forma de se saber que o investimento foi importante, e é isso que estamos avaliando aqui", afirmou. Ainda assim, o impacto de tal produção é baixo - o índice é de 3,04. O da Suíça é o maior: 8,02. Os EUA, apesar de terem o maior número de artigos publicados, têm um índice de impacto de 7,08.
Quanto ao público-alvo da educação básica, o presidente da Capes apontou que em torno de 10% dos jovens entre 16 e 17 anos trabalham em vez de estudar e mais de 20% estudam e trabalham. Já entre os jovens de 10 a 15 anos, quase 10% estudam e trabalham, enquanto aproximadamente 5% só trabalham, cuidam dos afazeres domésticos ou não realizam nenhuma atividade.
Jorge Guimarães afirmou que um dos maiores desafios é a formação de pessoal na educação básica. "Não é fácil atrair pessoas para essa área", comentou. "Por isso ela é prioridade, juntamente com a área tecnológica, em que também falta pessoal. As outras, como Biológicas, Medicina, Agrárias, Humanas, essas vão por elas mesmas em processo crescente sem enfrentar nenhuma queda".
O presidente da Capes destacou, como metas relativas a esse desafio, a promoção da ampliação dos editais destinados à pesquisa em educação básica, a valorização e formação dos profissionais do magistério deste segmento educacional e a ampliação da interação dos programas de pós-graduação e da Universidade Aberta do Brasil com os cursos de licenciatura.
Outras medidas apresentadas foram a ampliação da interlocução com os sistemas estaduais e municipais de ensino, o estímulo à participação de cursos de pós-graduação de outras áreas do conhecimento além da Educação e o estímulo ao desenvolvimento de estudos visando à formatação do ensino de Ciências na Educação Básica.
Internacionalização da educação 
Em relação à internacionalização, o presidente da Capes referiu-se ao objetivo de estimular a captação de conhecimento novo através do envio de mais estudantes para estágios de pós-doutoramento em outros países, além do incentivo à atração de mais alunos e pesquisadores de outros países e o aumento do número de publicações com instituições estrangeiras.
De acordo com o Acadêmico, o Brasil vive um momento de atração de estudantes estrangeiros e aposentados. "Os Estados Unidos e a Europa estão com problemas de absorção de quadros de alto nível. É comum encontrar quem já veio ou quem quer vir para o Brasil". Guimarães apontou que a maioria dos brasileiros que vai estudar no exterior volta, porque existe mercado de trabalho. "Na Capes, 99,7% dos bolsistas no exterior retornam para o país", afirmou. "Estamos lançando um programa para brasileiros que queiram voltar ao Brasil e outro para atrair estrangeiros, sobretudo no pós-doutorado."
Jorge Guimarães comentou que um dos entraves para a internacionalização da educação é a língua portuguesa. Afirmou, no entanto, que os jovens têm absorvido o inglês com enorme facilidade. "A Capes vai oferecer um programa interativo de língua inglesa", contou o Acadêmico. "Estamos em negociação final e isso vai ser aberto à comunidade e financiado pela Capes como forma de estimular uma segunda língua"
Acesse a apresentação em power point do presidente da Capes,Jorge Guimarães.
(Clarice Oliveira e Elisa Oswaldo-Cruz para as Notícias da ABC)


http://www.sbpcnet.org.br/natal/imprensa/newsletterdia29_9.php

Newsletter Dia 29
Plano para pós-graduação deverá ser entregue em novembro 

Por Vinicius Neder

O presidente da comissão nacional que elabora o Plano Nacional de Pós-graduação (PNPG) 2011-2020, Francisco César de Sá Barreto, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), garantiu que o Plano está seguindo o cronograma inicial. Os trabalhos estão em dia e deverão ser concluídos em novembro. Nesta terça-feira (27/7), Barreto apresentou o andamento da elaboração do plano em mesa-redonda durante a 62ª Reunião Anual da SBPC, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal.

As próximas reuniões da comissão serão em setembro (dia 9) e outubro (dia 22). O grupo foi instituído pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em fevereiro e é formado por representantes do governo (diferentes ministérios), da comunidade acadêmica e científica, bem como dos estudantes. Barreto lidera os trabalhos com o apoio de uma comissão coordenadora formada por pesquisadores de Minas (com reuniões semanais) e de uma equipe técnica da Capes. As reuniões da comissão nacional têm sido mensais.

O PNPG 2011-2020 terá 12 capítulos, divididos nos seguintes temas: diagnóstico da situação atual, perspectivas de avanço, assimetrias do sistema, avaliação dos cursos, formação de recursos humanos para empresas, interdisciplinaridade, cooperação internacional, apoio à educação básica, financiamento, indução de áreas estratégicas e diretrizes para execução. Pelo andamento apresentado por Barreto, há capítulos já prontos, alguns em análise e revisão e outros ainda em construção. Antes da apresentação à Capes, uma versão preliminar do plano será enviada ao Fórum de Pró-reitores de Pós-graduação e Pesquisa (Foprop).

Segundo Barreto, os trabalhos contam com a participação da comunidade científica para além dos integrantes da comissão de elaboração. No capítulo sobre as áreas estratégicas, por exemplo, foram pedidos documentos a diversos especialistas. Além disso, foram pedidos artigos com visões amplas do sistema a pesquisadores como Carlos Américo Pacheco (do Instituto de Economia da Universidade Estadual Paulista), Carlos Henrique de Brito Cruz (diretor científico da Fapesp), João Jornada (presidente do Inmetro) e Luiz Davidovich (do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro e secretário-geral da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação), entre outros.

Planos - Um dos capítulos do PNPG 2011-2020 trará um diagnóstico sobre os avanços no processo de construção do sistema nacional de pós-graduação, desde a elaboração do primeiro plano para a área, que abrangeu o período de 1975 a 1979.

O diretor de Programas de Bolsas no País da Capes, Emídio Cantídio de Oliveira Filho, destacou, na mesma mesa-redonda desta terça-feira, a importância do planejamento para a pós-graduação. Segundo ele, o PNPG 2011-2020 terá ainda mais importância por coincidir, pela primeira vez, com o Plano Nacional de Educação (PNE).

Também com planejamento para o período de dez anos, o PNE será enviado ao Congresso Nacional ainda neste ano. A ideia é que o PNPG 2011-2020 seja incorporado ao PNE 2011-2020, para também virar lei.

“Elaborar um plano decenal é complexo. Será preciso fazer mudanças de rota e ajustes ao longo do tempo”, ponderou Cantídio, destacando que, recentemente, a Capes expandiu seu escopo de atuação, incluindo a formação de professores para o ensino básico entre suas missões, o que deverá ser levado em conta na elaboração do plano. A apresentação do diretor da Capes na mesa-redonda versou sobre os principais resultados do PNPG 2005-2010, cujos destaques foram o aumento de recursos investidos e da contratação de docentes.

Licença Maternidade - Você sabia? Nós avisamos para lutar junto...

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR PORTARIA No -
220, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2010

DOU Nº 218, terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, usando das atribuições que lhes são conferidas pelo Estatuto aprovado pelo Decreto nº 6.316, de 20 de dezembro de 2007, publicado no DOU do dia 21 subseqüente, e considerando:


- a necessidade de adequação dos regulamentos dos programas de concessão de bolsas de estudo ao direito à licença maternidade de suas bolsistas, resolve:

Art. 1º Os regulamentos dos programas de concessão de bolsas da CAPES, em todas as suas modalidades, passam a atender o seguinte disposto quanto a duração da bolsa:

I - No caso de parto ocorrido durante o período da bolsa, formalmente comunicado pelo coordenador a CAPES, a vigência da bolsa será prorrogada por até 4 (quatro) meses, garantidas as mensalidades à parturiente.

Art. 2º Revogam-se as disposições ao contrário.

Art. 3º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

JORGE ALMEIDA GUIMARÃES